segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Cumulos Nimbus

Hoje, enquanto esperava a van para ir para casa, lá pras sete da noite, um menino vestindo a camisa do flamengo e escutando o mp3 dele (podia ser um mp4, um mp5, um radinho que fosse, mas eu resolvi achar que era um mp3, então é) começou a cantarolar atrás de mim. Ele cantava alto, escandaloso até, e eu, querendo desviar minha atenção daquela música que nunca tinha escutado na minha vida, resolvi ficar olhando as nuvens. O dia hoje está nublado aqui, chovendo de vez em quando. O vento, àquela hora, estava brincando de empurrar aquelas nuvens enormes e cinzas e gordas, gordas como tias velhas com cara de fada-madrinha -- a comparação me veio agora. Não chovia àquela hora.
Havia uma nuvem que se movia mais rápido que todas as outras, e tinha forma de golfinho. Lembrei do Bruno. O Bruno uma vez me disse que, quando ele estava no navio (ou barco, não sei. acho navio mais bonito), alguns golfinhos ficaram acompanhando o navio durante uma parte do percurso. Fiquei com um pouco de inveja dele.
Conforme o golfinho de nuvem ia passando, o que era pra ser o rabo dele foi tomando forma de uma cabeça de animal de boca aberta. Um animal não, um pokémon. É, parecia muito mais um daqueles monstrinhos de desenho animado. Pois bem, o pokémon foi fechando a bocarra aos pouquinhos, e fazendo biquinho, como se estivesse cantando. Nesse ponto, o que estava cantando já era um dragão, que aos poucos foi virando a boca de um leão de perfil. Lembrei do Bruno de novo, ele é do signo de leão. A gente é muito mais boba quando tá apaixonada.
O menino atrás de mim continuava cantando. Tinha mais gente na fila, atrás dele, mas o que me pareceu foi que somente eu me incomodava com aquilo -- talvez porque só eu não fizesse ideia de que músicas eram aquelas, ou talvez eu fosse a única da fila que não era flamenguista, quem sabe? A questão era que ele continuava cantando, então eu voltei a olhar pro céu.
O vento já tinha escondido o golfinho-pokémon-dragão-leão atrás da árvore, então eu resolvi procurar outra forma legal. Como não achei, comecei a lembrar de como eu gostava de brincar de avaliar as formas das nuvens quando eu era menorzinha -- eu e uma amiga pássavamos horas imaginando que aquilo eram as paisagens do céu, com direito a terra, mar, árvores e tudo mais; a gente chamava a brincadeira de "caminho das nuvens", porque, quando a gente é criança, a gente pode dar nome às coisas sem que pareça ridículo.
Comecei também a cogitar a possibilidade de não acreditar mais que as nuvens são apenas gotículas de água em suspensão em uma região de ar absurdamente rarefeito. É muito mais poético -- e feliz -- fazer que nem criança, e acreditar que elas são feitas de matéria fofinha e modelável, com a qual dá pra se brincar quando se vira anjinho, ou fadinha...
Eis que o menino cantor me cutucou; a chegada da van acabava de interromper e cessar meus devaneios.

sábado, 14 de novembro de 2009

Intertextualidade





"Após a consulta, o doutor Epaminondas abanou a cabeça:
-- Não há nada a fazer, Dona Coló. Esse menino é mesmo um caso de poesia"
A incapacidade de ser verdadeiro, de Carlos Drummond de Andrade

Retalhos

Fogo de atualizar blog agora; duvido que dure muito.
Mas, aproveitando a empolgação, vou postar meu último desenho, que comecei ontem na aula de cálculo (hehe), fiz uns pedaços à tarde e fui terminar no início da última madrugada:
É, desenho simples, sem motivação sentimental ou filosófica; só deu na telha e pronto.
Mas eu adoraria saber a interpretação de vocês, hahaha.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Faculdade - breve postagem

Ainda não falei sobre a UFRJ aqui -- e nem poderia, já que posto com a mesma freqüência com que Halley passa pela Terra.
Faculdade é um negócio estranho. Surreal, eu diria. Hoje, por exemplo, eu perdi quase metade da aula de cálculo entretida com uma simulação de ação dos bombeiros, com direito a carro do corpo de bombeiros, ambulância e trilha sonora de Missão Impossível ao fundo, hahaha.
Apresentações aleatórias à parte, é surreal também a diferença entre prédios vizinhos quando estes são de diferentes áreas; a rua que separa o Centro de Tecnologia da Faculdade de Letras, por exemplo, é a fronteira entre dois mundos completamente distintos, como costumo dizer; enquanto um lado vive a situação de uma França pré-revolucionária, com direito a voto qualitário de verdade (hahaha), com alunos sempre envolvidos em questões políticas, passeatas, protestos e outras "n" formas de se militar, o outro só se preocupa mais com política quando é época de eleições para DAs e CAs (não que os futuros engenheiros, matemáticos, físicos e químicos da UFRJ sejam politicamente alienados, mas nós normalmente estamos mais envolvidos com coisas tipo cálculo, física...); isso sem contar o modo de cada esfera se vestir, se portar, os hábitos... e por aí vai.
É claro, no entanto, que essas diferenças não formam cápsulas hermeticamente fechadas ao redor de cada prédio, e não é nada incomum a amizade entre alunos de áreas completamente distintas.
Aliás, de falta de amizade não posso me queixar no mundo mágico do Fundão. Ok que de popular eu não tenho nada, e não conheço a maior parte das pessoas que todo mundo conhece, mas o pequeno grupo de amigos que estou fazendo por lá é mais que suficiente pra alegrar meus dias recheados de derivadas de ordem superior, vetores, carbonos e soluções-tampão. É a mania de cantarolar da Flores, são as dorgas do Arthur, são os ataques de abraço do Diego, são as agressões físicas e morais do Gustavo, é a divisão das práticas de analexp com o Vitor, são as piadinhas internas com a Rayssa, o Danilo, o Bruno, o Renan e quem mais estudou comigo no Colégio Militar, é a saudade da Flávia, a filhadamãe que foi pra Harvard, são as "aulas" de comunismo do Gabriel, é isso que colore meus dias de universitária.
Para concluir o post, umas imagens ilustrativas:
Centro de Tecnologia: é aqui que passo 99,9% do tempo na faculdade; de vez em quando dou uma passadinha no CCMN pra assistir aulas de cálculo (lê-se: ficar desenhando após uma breve tentativa de entender o que diabos o professor está escrevendo no quadro), ou na Letras pra ver umas pessoas.


Pseudo-panorâmica da Ilha do Fundão vista do sétimo andar do bloco A do CT



Solução de cobalto! Foto tirada especialmente pra Flávia <3 que nem ama tudo que é rosa...

terça-feira, 5 de maio de 2009

A Princãocesa da Torre

Lembro muito bem do dia ensolarado de 1996 em que aquela poodlezinha chegou aqui em casa. Chegou no colo de uma das gêmeas, netas da amiga da minha mãe. Disseram-me que era minha, que era pra mim. Eu nem tinha coragem pra pôr aquela bolinha de pelos branca no colo...
Resolvi pôr o nome dela de Saore; SaorE, e não Saori; pra mim, era com "e", e era pronunciado que nem "carne"(/karni/), por exemplo. A escolha do nome foi simples: eu levei a sério a idéia da minha mãe... Eu queria brincar de Cavaleiros do Zodíaco com ela (minha mãe), queria que ela fosse a Saori, e eu, o Shiryu... Como ela não tinha mujito tempo, falou que quando eu tivesse uma cachorrinha, eu devia pôr o nome dela de Saori pra que, quando ela crescesse, pudesse brincar comigo... Quando a gente tem quatro anos de idade, não consegue diferenciar o sério do irônico, então... lá vai, o nome dela é Saore.
Algum tempo depois, como eu gostava de certo desenho animado cuja única heroína feminina (era um desenho de ação, duh) se chamava Shao Lin, resolvi aumentar o nome: ficou Saore Shao Lin

Há alguns dias, fui saber que Saori é o nome japonês da estrela Vega; Shao Lin significa Floresta Jovem...

O tempo foi passando, eu fui crescendo com ela e ela comigo... Tudo bem que ela se apegou mais à minha mãe, mas aos poucos fui conquistando a confiança dela... Lembro-me tão bem da primeira vez que pus aquela coisinha no colo... Das cismas dela com a minha calça da escola, da gravidez psicológica...
À época que descobri o Windows Movie Maker, decidi que seria ela a estrela dos meus "curtas"... foi assim que comecei (e nunca terminei) o filme Amor Canino: A PrinCÃOcesa da Torre, para o qual improvisei fantasias de cães para que eu, minha mãe, meu pai e meus amigos pudéssemos participar também do filme...

São muitas as lembranças...

No ano passado, em função de um tumor que havia um tempo crescia em seu abdome, a gente levou a Saore pra operar... Boa parte da cadeia mamária da direita foi retirada, mas ainda faltava o outro lado... por vários motivos, não tivemos como levar pra operar novamente no ano passado. Este ano, perto do Carnaval, abriu uma ferida na barriguinha dela. A gente achou que fosse algum machucado comum; no entanto, como não fechava, resolvemos levá-la na veterinária. Descobrimos que tratava-se do câncer que avançava, e lá se foi ela mais uma vez pra mesa de cirurgia.
A gente achou que ela fosse se recuperar tão fácil quanto da última vez, mas não foi o que aconteceu... havia um edema na patinha, a cicatrização não foi satisfatória, um ponto abriu, descobrimos que era a metástase do câncer, e que não havia mais jeito.
Tínhamos de cuidar dela com todo o carinho do mundo, cientes de que a hora dela estava chegando.
Ela ficou internada, recebeu medicamentos e todo o carinho do mundo... quisemos fazer dos últimos dias dela os melhores de sua vida... No entanto, com o avanço da doença, ela foi perdendo a energia, o ânimo, a fome...
Ontem, minha mãe chegou a querer abreviar o sofrimento dela com uma injeção que a levaria logo, mas no último momento, a Saore chegou perto dela quando ela combinava o procedimento ao telefone, e mamãe perdeu a coragem.
Hoje, quando eu estava na faculdade, minha mãe estava deitada na cama. Ela ouviu o barulho frenético das patinhas da Saore, que há muito não se ouvia, devido à dificuldade de andar. Ela chegou correndo, aproximou-se da minha mãe e deixou que ela lhe fizesse um cafuné na cabeça. Depois disso, deu uma meia-volta, teve um piripaque, e caiu dura no chão.

Foi assim que, aproximadamente às 11:30 da manhã de hoje, Saore Shao Lin foi ao óbito.

A gente sabe que agora ela tá num lugar melhor, que não está mais sofrendo, que já estava na idade etc etc, por isso a gente tá até conformado...

Espero que no céu dos cãezinhos, Saore, exista muito biscoito pra você comer, muito sofá pra você subir, muito carinho pra você ganhar, muita coleira pra você roer



A gente te ama muito, e sempre vai te amar.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

De volta...

Porque vou reestrear esse blog. Descobri que preciso de um diário público pra expressar toda a minha melancolia e euforias e todas as outras coisas estupidamente dramáticas que se passam na minha cabeça adolescente e sem-noção.

Por ora, só pra atualizar o blog: estou com 17 anos, engenharia química na ufrj (primeiro período), parei de dançar por um ano e agora estou de volta, namorando há um ano e quase um mês. Sem mais muitas novidades, espero postar em breve. E mudar esse layout e esse perfil.

//edit: editei o layout, o template e o perfil. Vivaeu -n
//edit²: esqueci de dizer, o dono do "rosto inocente" ali é o Kerberos ^^